PARA ALÉM DO MEU DIREITO

Publicado: 20/08/2017 em Reflexões

ELIANE PINHEIRO

Sindicatos de trabalhadores em educação lutam por boas condições de trabalho, salários, carreira, direitos importantes como licenças e aposentadoria. Justíssimo. Todo trabalhador deveria querer e poder participar de movimentos organizados contra a exploração e precarização. Agora precisaríamos também de movimentos de educadores por qualidade na escola pública: isso ainda não temos. Os assuntos relacionados à práxis, à formação, à gestão democrática, ao QUE FAZER nas contradições do cotidiano impostas pela estrutura capitalista… não mobilizam. Há quem se crê militante pela educação quando milita pelas questões de ordem material e a educação, sabemos é da ordem do imaterial, são portanto, não militantes pela educação, mas pela classe trabalhadora da qual fazem parte. Venho pensando que precisamos de um real movimento pela qualidade da educação pública que não se encaixa nesse modelo sindical e que não visa substituí-lo ou desprezá-lo. Refiro-me à necessidade de construímos outra coisa, paralela. Os liberais têm se organizado nesse sentido: as fundações, Ongs e institutos fazem importantes pesquisas, discutem, criam estratégias. Estão mobilizados, orientados pela visão liberal (e nem são alinhados com a direita burra conservadora). E, de fato, discutem a qualidade, todavia com remédios dos quais os progressistas de esquerda discordamos. Se apoiados pela população em geral, nós militantes por “educação pública de qualidade” seremos atropelados e morreremos gritando, com camiseta vermelha, contra a retirada do direito de dar 59 faltas injustificadas por ano, indignados “contra o ataque aos nossos direitos” e incoerentes com nossa opção de libertação.

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